quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Na rua
Deixem vir a mim as criancinhas...
Mt 19:14a
-Que Deus abençoe a todos, vão em paz!
O culto finalmente acaba pessoas saem sorrindo e conversando, muitas entram em seus carros, outras seguem a pé.
As portas do templo são fechadas.
Passam das 24h, poucas pessoas ainda transitam pela rua. Muitos já dormem, outros ainda estão jantando.
Entre ruídos ouve-se o som de um vento muito frio, quase cortante, uma garoa começa a cair.
Um menino que transitava pelas ruas semi desertas para sob a marquise do templo para abrigar-se.
Senta defronte a porta, enrola-se num pequeno pedaço de pano que consigo trazia e tenta aquecer-se.
O sol começa a erguer-se, carros já transitam, pessoas iniciam seu corre-corre, e o menino ainda dorme.
Alguns cachorros aproximam-se do menino a procura de comida. O menino desperta. Recolhe seus trapinhos e segue seu caminho.
O sol começa a esconder-se.
Pessoas e carros disputam lugar nas ruas.
20h, o menino sente-se fraco, não comeu nada ainda. Seu estomago parece gritar, suas pernas pesam.
Caminha mais um pouco a te chegar novamente a igreja. Um culto havia começado. O menino senta na beirada da calçada para ouvir as musicas que vinham da igreja.
Por um momento não sente mais fome, não percebe suas roupas sujas e rasgadas, começa a cantarolar...
“Pra longe naveguei,
Não vejo mais o cais
Só Deus e eu agora... “
A música acaba. Ele olha para o interior do templo, lotado, e observa um homem usando um terno azul marinho segurar o microfone.
-Oremos - diz o homem, - Pai obrigado por tudo que tem nos dado, te peço Pai amado que tenhas misericórdia daqueles que neste momento passam fome, por aqueles que andam sujos pelas ruas, sem família. Pai vem nesta noite trazer teu pão vivo, o maná celestial. Usa teu vaso, enche com teu óleo e alimenta esta igreja meu Pai amado.
Amém.
O homem deixa o púlpito e outro homem bem vestido assume seu lugar. Nisto o menino, que ainda estava na calçada, aproxima-se da porta para poder entrar, porém é impedido por alguém que ali estava.
-Sai daqui!- diz um homem. –Você esta todo sujo. Oh pega estas moedas e vai embora.
O homem entrega as moedas e empurra o menino.
-Desculpa senhor é que pensei que poderia entrar pra...
-Mas não pode. Sujo assim, não pode!
O homem retorna ao seu lugar próximo a porta.
Uma lagrima rola pelo rosto do menino.
De cabeça baixa segue seu caminho. Sem rumo vira à esquerda na primeira esquina, procurando fugir dali, mas antes de sumir ainda consegue ouvir pessoas gritando...
“glória a Deus, aleluias, santo és tu...” e uma voz grave e mansa dizer:
“Deixe vir a mim os pequeninos...”
Será que em algum momento já nos sentimos como o pequeno menino?
Perdidos, esquecidos, sozinhos?
Muitas vezes pessoas nos ajudam com suas esmolas, porém querem mesmo é que saiamos logo dali.
Hipócritas, fariseus...
Mas talvez nós sejamos assim também...
...quantos sonhos destruímos?
...quantas de nossas palavras feriram alguém?
...quantas vezes com uma mão damos e com a outra empurramos alguém para longe?
Se somos hipócritas ainda temos tempo para voltar atrás...
Mas se hoje você se sente como aquele menininho, perdido, esquecido por sua família, sujo pelo pecado ou até mesmo fraco na fé... Não se preocupe se te deixarão, ou não, entrar no templo, somente ouça a voz...
“Deixem vir a mim os pequeninos.”
Deus te chama.
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