terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Para a igreja...

Vinde a mim vós que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.

Mt 11:28

O telefone toca.

-Alô! – fala o jovem que acabará de acordar.

-Paz varão! Tudo certo para hoje/

- Ah é tu Pedro. Paz! Tudo certo sim.

-Glória a Deus. Te encontro na igreja então. Paz!

- Paz!

Ezequiel desliga o celular, arruma a sua mochila, segue até a garagem, escolhe alguns pincéis, rolos e uma espátula, coloca tudo em uma sacola.

Avisa para sua mãe que esta saindo.

-Mas já esta saindo? Você nem tomou seu café ainda!

-Não dá tempo mãe, tenho que ir lá pintar pra igreja.

-Tá bom, vai com Deus!

-Paz!

Na igreja Pedro já espera por Ezequiel.

-Paz varão!

-Paz irmão. Vamos começar por onde?

-Pode ser pela fachada!

-Benção!

Os dois então começam a pintar a igreja.

Trabalho terminado cada um segue para sua casa.

No outro dia bem cedo Ezequiel acorda, toma seu café rapidamente e segue novamente para a igreja.

Antes de sair encontra seu pai.

-Onde você está indo agora Ezequiel?

-Vou cortar a grama para a igreja!

-No domingo?

-Sim, é para a igreja.

-Está bem!

O jovem passa praticamente o dia realizando a tarefa.

Cansado, volta para casa.

Durante o culto, à noite, pouco fica acordado, mas consegue ouvir o pastor anunciar que na próxima semana haverá um congresso na igreja.

Na segunda feira o jovem sai para estudar. Já na escola ouve seus colegas conversarem.

-Bah! Vocês virão aquela noticia ontem? – diz um jovem.

-Cara que loucura! – diz outro jovem. -Você viu Ezequiel?

- Não vi. A igreja proíbe teve!

-Ouviu pelo menos? Estavam falando em todas as emissoras de rádio!

-Não ouvi, estava trabalhando para a igreja.

-Ah deixa pra lá!

O dia passa e a noite Ezequiel vai a uma loja comprar um terno novo.

-Como o senhor quer o terno?- pergunta o vendedor.

-Pode ser um modelo tradicional, com risca de giz.

-Para alguma festa?

-Não, não é festa. É um congresso que teremos na igreja, daí quero estar bem trajado para a igreja.

O jovem compra o terno.

O congresso passa.

No mês seguinte alguns membros da igreja saem para evangelizar e o jovem Ezequiel participa também.

Durante o jantar naquele dia o jovem conversa com seu pai.

-E ai filho, como estava o evangelismo?

-Benção! Ganhamos muitas almas para a igreja. Acho que daqui uns tempos vamos ter que aumentar o templo.

-Glória a Deus!

As semanas passam e o jovem continua trabalhando de maneira exemplar, corta a grama para a igreja, pinta e limpa para a igreja, ganha almas para a igreja, da seu dizimo para a igreja, oferta para a igreja...

Chega o congresso dos jovens.

O tema deste congresso seria “Jovens ativos”, idéia que havia sido dada por Ezequiel.

A primeira noite passa.

A segunda noite passa.

Na ultima noite do congresso, o preletor começa perguntando aos ouvintes:

-O que você tem feito para Deus?

Todos ficam pensando.

Ezequiel com um sorriso pensa:

“Nossa, eu faço tanta coisa, corto a grama, pinto, ganho almas para a igreja, etc., glória a Deus, eu faço muita coisa...”

O preletor continua.

-O que você tem feito com Deus?

Os ouvintes continuam pensando.

-Talvez você esteja ai sentado, - continua o pregador, - pensando que faz muita coisa, porém pode na verdade não estar fazendo nada.

Todos permanecem atentos, exceto Ezequiel, que neste momento esta dormindo devido ao cansaço do dia, já que havia limpado toda a igreja naquela tarde.

O pregador prossegue.

-Muitas vezes achamos que a igreja é Deus, ou que Deus é a igreja, tanto faz, e então vivemos para a igreja e não para Deus.

Fazemos trabalhos para a igreja, mas não para Deus. Prendemos-nos em tarefas que as vezes não nos cabe realizar. Carregamos um fardo que não foi Deus que nos deu.

Deus quer de nos o nosso corpo sim, mas como sacrifício de louvor, nossas atitudes devem louvar a Deus não somente nossa força, afinal se Deus quisesse somente força ele teria escolhido mulas e não nos.

Deus quer de nós nosso amor, não só em musicas, pois se Deus quisesse só passar o tempo ouvindo musica certamente teria com Ele um MP75, com vários gigas de musica. Ele quer adoradores.

Deus quer de nós nossa obediência, mas por sabermos que somente Ele tem o melhor para nós, e não por medo do inferno.

Deus não quer que você simplesmente entregue sua vida a Ele...

... Mas sim que você viva a vida abundante que Ele, e somente Ele, pode lhe dar.

Se você tem feito muito, mas da maneira errada hoje Deus te chama para que tu entregues teu fardo a Ele, não perca essa oportunidade.

Muitos jovens colocam-se diante do altar, muitos choram. O ministrante ora por eles.

No final do culto alguns jovens saem conversando.

-Deus é bom! Eu precisava ouvir isso, o que o pregador falou é tudo verdade! – diz um jovem.

-É Deus falando varão!- Diz Pedro. – E você irmão Ezequiel, o que achou?

-Não sei. Estava cansado e acabei pegando no sono... o que o pregador falou?

...

Repito a pergunta do pregador:

-O que você tem feito para Deus?

Lembre-se Deus tem o melhor para cada um, cuidado para não tomar um fardo maior do que o devido.

Quem tem olhos para ler, leia:

“Vinde a mim vós que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei.”

Está esperando o que?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Na rua

Deixem vir a mim as criancinhas... Mt 19:14a -Que Deus abençoe a todos, vão em paz! O culto finalmente acaba pessoas saem sorrindo e conversando, muitas entram em seus carros, outras seguem a pé. As portas do templo são fechadas. Passam das 24h, poucas pessoas ainda transitam pela rua. Muitos já dormem, outros ainda estão jantando. Entre ruídos ouve-se o som de um vento muito frio, quase cortante, uma garoa começa a cair. Um menino que transitava pelas ruas semi desertas para sob a marquise do templo para abrigar-se. Senta defronte a porta, enrola-se num pequeno pedaço de pano que consigo trazia e tenta aquecer-se. O sol começa a erguer-se, carros já transitam, pessoas iniciam seu corre-corre, e o menino ainda dorme. Alguns cachorros aproximam-se do menino a procura de comida. O menino desperta. Recolhe seus trapinhos e segue seu caminho. O sol começa a esconder-se. Pessoas e carros disputam lugar nas ruas. 20h, o menino sente-se fraco, não comeu nada ainda. Seu estomago parece gritar, suas pernas pesam. Caminha mais um pouco a te chegar novamente a igreja. Um culto havia começado. O menino senta na beirada da calçada para ouvir as musicas que vinham da igreja. Por um momento não sente mais fome, não percebe suas roupas sujas e rasgadas, começa a cantarolar... “Pra longe naveguei, Não vejo mais o cais Só Deus e eu agora... “ A música acaba. Ele olha para o interior do templo, lotado, e observa um homem usando um terno azul marinho segurar o microfone. -Oremos - diz o homem, - Pai obrigado por tudo que tem nos dado, te peço Pai amado que tenhas misericórdia daqueles que neste momento passam fome, por aqueles que andam sujos pelas ruas, sem família. Pai vem nesta noite trazer teu pão vivo, o maná celestial. Usa teu vaso, enche com teu óleo e alimenta esta igreja meu Pai amado. Amém. O homem deixa o púlpito e outro homem bem vestido assume seu lugar. Nisto o menino, que ainda estava na calçada, aproxima-se da porta para poder entrar, porém é impedido por alguém que ali estava. -Sai daqui!- diz um homem. –Você esta todo sujo. Oh pega estas moedas e vai embora. O homem entrega as moedas e empurra o menino. -Desculpa senhor é que pensei que poderia entrar pra... -Mas não pode. Sujo assim, não pode! O homem retorna ao seu lugar próximo a porta. Uma lagrima rola pelo rosto do menino. De cabeça baixa segue seu caminho. Sem rumo vira à esquerda na primeira esquina, procurando fugir dali, mas antes de sumir ainda consegue ouvir pessoas gritando... “glória a Deus, aleluias, santo és tu...” e uma voz grave e mansa dizer: “Deixe vir a mim os pequeninos...” Será que em algum momento já nos sentimos como o pequeno menino? Perdidos, esquecidos, sozinhos? Muitas vezes pessoas nos ajudam com suas esmolas, porém querem mesmo é que saiamos logo dali. Hipócritas, fariseus... Mas talvez nós sejamos assim também... ...quantos sonhos destruímos? ...quantas de nossas palavras feriram alguém? ...quantas vezes com uma mão damos e com a outra empurramos alguém para longe? Se somos hipócritas ainda temos tempo para voltar atrás... Mas se hoje você se sente como aquele menininho, perdido, esquecido por sua família, sujo pelo pecado ou até mesmo fraco na fé... Não se preocupe se te deixarão, ou não, entrar no templo, somente ouça a voz... “Deixem vir a mim os pequeninos.” Deus te chama.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Limpando a sala

Fazei tudo sem murmurações nem contendas.

Fp 2:12

Seis horas da manhã, o despertador faz soar seu estrídulo toque matinal.

Um jovem sonolento ergue-se de seu leito ainda quente, com os olhos ainda cerrados ruma para o banheiro.

Dez minutos passam-se e o jovem já esta na cozinha para saborear seu desjejum.

A mesa já esta posta, um dos cuidados diários de sua mãe.

Terminado o café. Pega a sua mochila e segue para seu primeiro dia de trabalho.

Mais de noventa minutos passados dentro de um ônibus e eis que finalmente chega ao seu destino.

Cartão batido inicia-se seu expediente.

O jovem observa atentamente a tudo, pessoas, novidades, responsabilidades e possíveis tarefas, que o circundam.

Seu chefe aproxima-se, lhe entregando uma vassoura segue mostrando onde o jovem deve começar a varrer.

Com muita dedicação o jovem realiza a tarefa que lhe foi delegada.

O chefe retorna, agora, lhe entregando um pano indica onde o jovem deve começar a limpar.

Com muita seriedade o jovem executa a tarefa que lhe foi delegada.

Outra vez surge seu chefe trazendo consigo um frasco com cera. Entrega-o ao jovem e determina em que local começar a encerar.

Com algum afinco eis que inicia a labuta.

As horas seguem-se num ritmo lento e o dia toma ares de infindável, solitário em meio ao cheiro adocicado do produto, o jovem põe-se a pensar:

“Estudar tanto para estar aqui de joelhos.”

“Esforçar-me tanto para estar aqui de joelhos.”

“Humilhar-me tanto em estar aqui de joelhos.”

O tempo segue seu rumo natural, e a tarefa é concluída.

A porta seu chefe observa o resultado. Mostra ao jovem onde guardar os apetrechos usados durante o dia.

Fim do expediente.

O jovem refaz o mesmo percurso feito anteriormente, desta vez no seu sentido contrário.

À noite, o jovem plenamente cansado dorme tranquilamente.

Acorda no mesmo horário, com o mesmo estrídulo som matinal e seguem-se as mesmas ações da manhã anterior.

Trajeto, cartão, expediente.

Ansioso para mais um dia espera ordens.

O chefe aproxima-se do jovem, lhe conduz a uma sala entulhada de antiguidades, móveis empoeirados e objetos desconhecidos, lhe mostra quais móveis serão aproveitados para mobiliar a sala limpa no dia anterior e retira-se.

Entre poeira e expiro o jovem lança-se nesta nova empreitada.

Pouco a pouco a nova sala começa a ser ocupada por utensílios diversos.

Entediado ele olha o relógio e percebe que ainda lhe resta algum tempo antes de terminar o dia. Fadigado reclina-se sobre algumas caixas esquecidas a muito naquele deposito.

Só e cansado põe-se a pensar:

“Estudar tanto para preparar um escritório para outro.”

“Esforçar-me tanto para preparar um escritório para outro.”

“Humilhar-me tanto ao preparar um escritório para outro.”

No reclinar acaba por cochilar.

O expediente termina e outra vez retorna à sua casa.

Ainda pensativo pouco dorme naquela noite.

Já acordado ouve o já conhecido som, porém desta vez não sai de sua cama.

Sua mãe estranhando a demora segue até o quarto do filho.

-Está tudo bem? Não vai trabalhar hoje?-pergunta.

-Não vou mais voltar para lá - responde o jovem escondido em meio às cobertas.

-Mas por quê?

-Eles não me valorizaram! Vou procurar algo melhor.

-Tem certeza?

-Tenho!

-Tudo bem, a escolha é sua.

A mulher sai do quarto, fecha a porta e retoma seus afazeres diários.

O telefone da casa toca, a mulher atende-o.

No outro lado da linha está o chefe do jovem indagando a mãe deste para saber por que ele ainda não havia chegado.

A mãe responde que ele não mais iria trabalhar e apregoa os motivos.

O telefone é desligado.

O chefe então segue à sala do presidente da empresa.

-O que houve?-pergunta o presidente enquanto segura uma xícara de café.

-O estagiário desistiu.

-Mas por quê?

-Julgou-se pouco valorizado!

-Pouco valorizado? Como assim?

-Não sei bem! Porém não concordo com o que ele pensa. Estávamos preparando, ou melhor, ele mesmo estava preparando uma de nossas melhores salas para ser seu escritório. Não sei por que se julgou pouco ou até mesmo desvalorizado.

-Humanos... Quem os entenderá!

-Pois é! Mas aproveitando a oportunidade eu peço autorização para iniciar a contratação de outra pessoa...

E a vida continua.

Será que não agimos assim para com Deus?

Muitas vezes não entendemos o porque certas situações pelas quais passamos, logo acabamos por murmurar, reclamar.

Temos por natureza uma tal facilidade de nos ofendermos, de sermos soberbos que julgamos humilhante qualquer coisa que não coloque nosso umbigo no centro do universo.

Se somos assim, e muitas vezes somos, esta na hora de rever conceitos.

Confie em Deus, não desista.

Se não entende simplesmente continue.

Deixe a soberba de lado, deixe Deus te moldar.

Não perca o melhor de Deus.

Lembre-se logo depois do que te parece humilhante está o melhor que Deus pode te dar!

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